“Não vamos esquecer”: reflexões sobre antirracismo nas organizações a partir do caso Carrefour
DOI:
https://doi.org/10.5783/revrrpp.v13i26.837Palabras clave:
comunicação organizacional, racismo, discursos organizacionais, comunicação antirracistaResumen
O Carrefour, rede francesa criada em 1959, está presente em mais de 30 países. No Brasil, a rede de hipermercados chegou em 1975 e já foi considerada a segunda maior empresa varejista do país. A partir de 2007, a rede sofreu pelo menos cinco processos com acusações de violência, racismo e/ou homofobia. Em 2020, na véspera do Dia da Consciência Negra, dois seguranças brancos espancaram até a morte João Alberto Silveira Freitas, homem negro, sob a acusação de discutir e gritar com uma funcionária, em uma unidade da empresa em Porto Alegre-RS. Neste mesmo ano, o movimento “Black Lives Matter” ganhou projeção global após o assassinato de George Floyd por policiais norte-americanos. A sociedade passou a condenar esse tipo de comportamento e uma série de boicotes começou a acontecer. Após a morte de João Alberto, uma onda de protestos em repúdio ao caso foi registrada em seis capitais brasileiras. O assassinato de João Alberto Silveira Freitas teve ampla repercussão nacional e a organização se viu imersa em uma crise grave sendo obrigada a responder à sociedade. Dentre as ações desenvolvidas pela organização para gerir esta crise está o site “Não Vamos Esquecer”, que se propunha a estabelecer compromissos antirracistas. Compreendemos as organizações como atores sociais em interação, produzindo e disputando sentidos com seus diferentes interlocutores (Baldissera, 2010; Lima &, Oliveira, 2014). Fundamentado na noção de publicidade antirracista (Leite, 2014; 2019), este trabalho reflete sobre as ações antirracistas nas organizações, tomando como ponto de partida as ações da rede de supermercados após o episódio de 2020. Para isso, adotamos como metodologia o estudo de caso, refletindo sobre as ações desenvolvidas pela rede de supermercados. Concluímos que as ações do Carrefour ainda estão comprometidas à manutenção do racismo como estrutura social do país, em virtude dos resultados da organização após a crise.
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